Como começar a utilizar o BIM em 12 passos? (Parte 2)

Como teve oportunidade de ler na primeira parte deste artigo, o BIM não é apenas um software, é sim um conjunto de ferramentas e práticas que transformam a forma de trabalhar. A ideia principal é projetar de forma mais eficiente e fornecer documentação final de alta qualidade, com o mínimo de erros. Processos bem definidos e métodos adequados de monitorização de projetos são a base que permite alcançar este objetivo.

Neste segundo artigo, partilhamos consigo os últimos 6 passos que o aproximam ainda mais do universo BIM.

Passo 7 – Conduza reuniões eficazes

No passado, as decisões mais importantes num projeto eram tomadas apenas em reuniões presenciais. Com a pandemia da COVID-19, muitas empresas viram-se obrigadas a migrar rapidamente para reuniões online. Hoje, está claro que é perfeitamente possível tomar decisões importantes à distância — mas, tal como nas reuniões presenciais, é essencial haver preparação. Eis algumas boas práticas:

  • Defina o objetivo da reunião: por exemplo, analisar colisões no modelo de um hospital ou discutir soluções para um hotel.

  • Nomeie um responsável pela reunião: normalmente o Gestor de Projeto, que também regista as decisões tomadas.

  • Tenha um apresentador do modelo: nas reuniões de projeto, os assuntos devem ser visualizados com base no modelo 3D. Este papel é, em geral, desempenhado pelo Coordenador BIM.

  • Estabeleça uma agenda clara e partilhe com antecedência: cada ponto deve ter tempo definido e os participantes devem vir preparados.

  • Assegure que todos contribuem com decisões: os participantes devem entender os assuntos e estar preparados para tomar decisões chave.

  • Avalie e melhore continuamente: após a reunião, faça uma avaliação simples com perguntas fechadas como:

    • Os participantes estavam bem preparados?

    • A reunião foi útil e produtiva?

    • Contribuiu de forma eficaz?

Passo 8 – Projete em 3D

O modelo 3D facilita imenso o trabalho de projeto, sobretudo na área das infraestruturas. Um modelo digital do terreno com ortofotomapas, por exemplo, permite ajustar melhor o traçado de uma estrada. Modelos 3D também ajudam na medição de quantidades ou no cálculo de volumes de terras.

Se está habituado a trabalhar em 2D, não precisa começar logo com modelos 3D complexos. O essencial é criar um modelo dinâmico e de fácil edição. A documentação deve derivar do modelo 3D – e nunca o contrário.

Quantas vezes não teve de alterar o projeto após uma reunião? Se o modelo não for dinâmico, cada alteração consome tempo e reduz a rentabilidade do projeto. Por isso, invista em ferramentas adequadas. Softwares como Civil 3D, Novapoint, OpenRoads, Revit ou Tekla são referências no setor.

Passo 9 – Codifique informação nas camadas CAD

O modelo BIM é mais do que geometria: é geometria 3D + informação não geométrica. O que torna o modelo verdadeiramente útil é essa informação adicional, como por exemplo:

  • Estado (ex: Projeto)

  • Dimensões (ex: 3D)

  • Disciplina (ex: Redes de esgoto)

  • Tipo de objeto (ex: Tubo)

  • Material (ex: PVC)

  • Informação adicional (ex: Diâmetro: 400)

Estes dados permitem identificar claramente os elementos, gerar estimativas de custo e controlar melhor o projeto. A forma mais simples de começar é codificar esta informação nas camadas CAD (.dwg), utilizando convenções bem definidas.

Passo 10 – Utilize um visualizador de modelos multidisciplinares

Se já tem um modelo BIM da sua disciplina, é hora de o cruzar com os restantes modelos. Utilize um software que permita visualizar modelos multidisciplinares. O Trimble Connect é um excelente ponto de partida: tem versões web, desktop e até mobile, e oferece uma conta gratuita com funcionalidades suficientes para começar.

Com estas ferramentas, pode:

  • Visualizar geometrias e propriedades

  • Guardar vistas e fazer cortes

  • Detetar colisões

  • Atribuir tarefas e gerir comentários

Não precisa de software dispendioso no início — o importante é ter uma visão integrada do projeto e começar a trabalhar de forma colaborativa.

Passo 11 – Reduza a impressão de documentação em papel

A coordenação digital reduz drasticamente a necessidade de papel. Em vez de rever dezenas de desenhos em 2D, é possível detetar erros diretamente no modelo 3D. Contudo, os desenhos continuam a ser necessários para entrega formal.

O objetivo deve ser reduzir ao mínimo essencial a impressão de documentos, reservando o papel para a entrega final. Durante o desenvolvimento, opte por revisões digitais.

Ferramentas como o Autodesk Design Review (gratuito) permitem:

  • Visualizar, comentar e marcar alterações em ficheiros 2D/3D

  • Exportar do CAD para DWF

  • Reimportar comentários para o ficheiro original

Também pode utilizar PDFs e editores como o Adobe Reader, para revisão digital.

Passo 12 – Continue a evoluir

Adote a filosofia Kaizen – a melhoria contínua deve ser o princípio orientador em todas as etapas do seu percurso. Os passos que partilhámos são apenas o início de uma jornada que está agora a começar, especialmente no universo do BIM.

Automatize tarefas repetitivas e otimize o seu tempo. Estabeleça processos eficientes, como revisões digitais, e defina critérios claros para garantir reuniões verdadeiramente produtivas. Reduza custos desnecessários e direcione recursos para onde realmente fazem a diferença.

Mais do que tudo, invista na sua formação. Teste novas ferramentas, experimente sem medo e aprenda com cada tentativa. É assim que se evolui.

Esperamos que estes 12 passos tenham aberto novos horizontes. O mais importante que deve reter é isto: o que conta é um fluxo de trabalho mais inteligente, eficaz e eficiente.

O BIM não é uma solução mágica. Mas é uma ferramenta poderosa para alcançar melhores resultados.

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